quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cinco

Perfaz agora seis anos que me divorciei desse objecto que colocamos no pulso e que através de um processo estranho faz rodar dois pequenos ponteiros que regem o nosso tempo. Mesmo quando o usava era mais no sentido estético. Hoje, perante um tempo que sei que passa de qualquer maneira, para quê controla-lo? Mesmo no caso de existir um compromisso ou uma responsabilidade basta ver que horas são para depressa fazer um cálculo mental do tempo que é necessário para chegar ao sitio pretendido. Não é por termos um relógio que vamos chegar mais depressa ou mais devagar, aliás nós já vivemos a vida numa correria constante, para quê complicar ainda mais? Porque perdemos tanto tempo a contar o tempo, quando na verdade é ele que nos vai contando, numa contagem decrescente, ou como se fosse tirando pétalas como no bem-me-quer mal-me-quer. Pode parecer irresponsável não utilizar relógio, mas encontro aqui uma pequena noção de liberdade, que me ajuda a ultrapassar a fatalidade do tempo. Dessa forma tento aproveitá-lo mais, seja em coisas importantes ou triviais, dado que ambas são importantes. E afinal de contas, para quê controlar o tempo, quando, como diz o Rui Veloso, temos todo o tempo do mundo?

2 comentários:

Marco Rebelo disse...

passei aqui pora caso...mas olha, boa escrita :)
passarei por aqui mais vezes!

Anónimo disse...

Diogo tou a espera do proximo, do "seis".
abraço