sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vinte

O meu dia começou frio. Apesar de me deitar cheio de calor e de dormir cheio de calor, acordo às sete da manhã cheio de frio. O frio é forte o suficiente para não acabar com o cobertor que cobre a cama diariamente. Penso que tive uma noite meio agitada pois dormi até mais tarde do que o devido, sem necessidade aparente. Passando á frente pormenores menos importante, chego ao Marquês de Pombal, e fico à espera do próximo autocarro para descer até ao Terreiro do Paço, onde se encontra o porto que me leva até ao Barreiro. Os autocarros que me levam até lá são o: 36, 44, 745. Os tempos de espera eram: 36-8minutos, 44-23mintuos e por fim 745-25minutos. Esperar? Não. Acção à Diogo: descobri uma desculpa para ir a pé até ao Terreiro do Paço. Durante esses vinte e cinco minutos respirei fundo, e senti, como sempre a minha Lisboa. Sempre ela própria, uma parte importante de mim. Causou-me algum tipo de transtorno porém, parecia ser o dia dos namorados. Disseram-me mais tarde, em tom de brincadeira(?): é Primavera e são as hormonas. Que seja.
Cheguei ao Barreiro. Mais uma vez a vontade de voltar para trás foi imensa. A verdade é que por vezes temos anjos amigos que nos aclaram as ideias. E por momentos, depois de me carregarem, sem querer, numa ferida, entrei num pequeno espaço negro...só queria estar longe dali, fora de qualquer responsabilidade, tal qual uma criança. E sejam louvados os anjos. Fiz algo que não fazia há muito tempo: lutar contra mim próprio. Esta luta na prática do mundo não alterou muito...odiei durante horas as palavras e os movimentos que fazem alterar o mundo, como são exemplo: creditar, debitar, factura-recibo, factura (quais são as diferenças???Ainda não quis aprender de uma vez por todas...), juros, activo, passivo, balanço, demonstração de resultados(...), e a pior de todas, aquele que me confunde em todas as vertentes: o IVA. Vão para o diabo, deixem-se carregar por ele...Por amor de Deus. Por isso, saí ligeiramente vencido, mas por minha culpa apenas. A pequena vitória foi ter voltado atrás e não para trás. Senti uma pequena satisfação. Confesso. Sabe bem fazermos algo que sabemos estar certo mas que nem sempre fazemos. Estou contente, devagar se vai ao longe não é? Ser perfeito? Não...Evoluir. Obrigado lufada de ar fresco.
Sai da faculdade às vinte uma. Eu e uma t-shirt e o meu "blazer" (nome dado ao meu querido casaco, pelos meus queridos e originais amigos). Eu e o frio. Naquela terra cinzenta. Só queria chegar a casa. E cheguei...passadas duas horas. Agradeço a companhia, que apesar de pouca, foi muito melhor que nada.
Ultimamente tenho-me entregado muito ao pensar de sensações, sem sequer as sentir. Mas quando as sinto: revolto-me. Enfraqueço-me. E fico demasiadamente pensativo.
Agora estou ligeiramente mais livre, mais vivo que morto, mais criador, mesmo que seja de algo que não traz nada ao mundo nem a mais ninguém, mas que pelo menos me traga a mim. Que mais posso eu pedir? Muita coisa, mas não por agora...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dezanove

(Apesar de há muito tempo estar enterrado na minha pessoa esta história, não deixa de ser "bonito" falar deste dia como o meu primeiro beijo, um primeiro abraço sentido, e uma relação que se prolongou. Verdade seja escrita que a única coisa boa que adveio de tudo isso, foi uma pessoa mais amadurecida. Quer a nível humano, quer a nível escrito.)

Cheguei a essa terra cinzenta, onde é louvado o comunismo. Mas pela primeira vez, desembarquei com alguma paz de espírito e sem uma vontade total de voltar para a minha bela terra. Quando digo cinzenta é porque nela abunda o pó e o lixo. Estou a falar do Barreiro, terra considerada industrial. De várias coisas destacou-se um céu iluminado de nuvens que me possibilitou sair do calor com o qual a minha querida e adorada Lisboa se despediu antes de embarcar. E por momentos, fez-me lembrar esse "orgasmo terrinha" (nome inventado por mim, e acarinhado por quem já o sentiu), que se sente na piscina da casa da minha tia Marta, na Sapateira (Castanheira de Pêra). Este nome foi inventado, quando depois de um bom banho, deitados nas cadeiras, apanhamos uma quantidade abusada de sol e ao mesmo tempo, ainda molhados, aparece um vento muito fresco que nos passa o corpo todo. Fantástico. Como é lógico isto pode acontecer noutros locais, ficou com este nome por ter sido onde foi.

Dezoito

Abril águas mil...nem por isso. Este ano por alguma razão não foi bem assim. Está calor. Muito calor. E eu vivo numa pequena estufa...Se por uma lado ter a fachada do meu prédio a levar com sol no Inverno, o que o torna um pouco mais acolhedor, a verdade é que quando vem o sol abrasador, este pormenor perde toda positividade. Sala, quarto dos irmãos e quarto da irmã, todos a receber o santo sol todo o santo dia...Ideias reabilitadoras mexem-se no meu espírito. Praia? Não a desejo como desejava. O mar nunca foi por mim venerado. E se por momento me vislumbro deitado na areia a apanhar sol, depressa volto a esta realidade seca. Nesta minha casa vive-se a suar. E quando nos deitamos, mesmo por cima da cama, sem lençóis, sem meias, tudo o que nos resta tentar fazer é adormecer com algum suor. Há uns anos atrás adorava quando chegava esta altura do ano. Agora? Todo este sol consome-me as energias, como acontece aos outros seres humanos que debaixo dele caminham. É verdade sim, o sol é mais positivo que o céu cinzento, nessas depressões aéreas...é talvez por isso que na chuva ando sem protecção e no sol todo vestido de preto, para maior obsorção...Ironia a minha pessoa, e o meu viver. Continuamos todos a querer aquilo que queremos...e para isso o sol, por muito forte e desejado que seja, não penetra nas nossas almas...com sorte, talvez, nos aquece o corpo, e remova devagar o vosso frio.

domingo, 25 de abril de 2010

A essência

"I wanna hold you high and steal your pain..."
"....all i wanted to say was i love you and i'm not afraid...i know you can hear me,
i can taste it in your tears..."
"Show me that you love me and that we belong together."

Não podemos ser felizes, ou melhor eu não posse ser feliz sem quebrar de vez em quando uma regra ou outra. E neste caso, partindo do pressuposto que as narrativas do monstro terminariam de uma vez por todas com palavras menos relevantes para a maioria dos leitores, e quem sabe para mim mesmo, dado que tenho de me descrever mais uma vez, venho por este meio quebrar a regra de blogue. Será esta a única e exclusiva vez. Assim como a partir deste momento farei os meus possíveis para voltar ao apologista da minha pessoa como era no antigamente...
O nome especial que teve o poder de substituir um número deriva de algo engraçado. Desde tenra idade sempre gostei de utilizar esta palavra...apesar de desconhecer o seu significado, até que um dia, graças a Deus, na disciplina de Filosofia descobri. Foi fantástico. Resumidamente essência é : aquilo que faz com uma coisa seja aquilo que é.
Ora este texto destina-se única exclusivamente ao desabafo final. Aquele que não quer no entanto quebrar definitivamente todas as noções e esperanças...
Nunca estarás perdida de todo, acredita. Volta a trás, e volta a percorrer o caminho mas desta vez consciente dos passos a não "errar", ou caminha sempre em frente para não perderes tempo andando em círculos. (Sorriso) É preciso encontrar a causa. Como já te disse não me "preocupo" contigo, sei que tudo correrá bem e que és capaz seja do que for. Não me "preocupo" por confio no teu ser, de várias formas relevantes nesta vida.

"Acordei triste e quase vazio...de inicio não percebi o que se passava comigo, até que me lembrei da tua ausência. Agora tudo estava claro."

Este texto começou na minha cabeça há algumas semanas atrás. Dele advieram, outros textos, outras formas de expressão...só Deus saber o fim em si mesmo. Mas este titulo tem uma razão, como quase tudo o que faço nesta vida, de bom e de mau, e de pior.
Este fim de semana, apareceu-me a pessoa que eu tanto quis encontrar durante meses mas sem sucesso..."Agora vieste tarde demais", disse-lhe, "no entanto acho que ias gostar de saber...". E gostou. Foste tu amigo, mais de outrora do que agora, que foste a essência de tudo isto...de todas as vezes. Foste tu. E disseste:
"Era era uma miúda muito especial...sempre achei que era o teu tipo." "Mas porque acabou? Parece, pelo que lembro de vocês, que podiam muito bem..(um com o outro deduzo)" Realidade irónica. A única pessoa que nos conheceu aos dois, o elo comum, a essência, pelo menos essencial.

A ironia deste destino é sempre muita...e eu até sou uma pessoa irónica por natureza...mas por vezes ele consegue desagradar-me de forma muito peculiar...

E depois não é só isto ou aquilo...é um conjunto de coisas, sejam elas pequenas ou colossais...
É ir no barco, acompanhando um dialogo: "Então como tem estado?" "Quando não se está bem, nunca pior..."
"Então?" "Tá tudo."
E outras.

Na prática quando pensei em terminar todos estes tipos de textos queria dar-lhe o nome peculiar de : Veado que foi morto na forca. Está certo, poucos ou quase nenhuns compreenderão. A minha voz cantando num carro numa noite escura mas linda é a resposta correcta.

E é este o texto pseudo-final, da minha descompreensão humana...o texto, que mesmo deixando coisas por dizer, será o último. Por isso, no pior dos casos, a minha estupidez, aliás, a minha parvoeira, se irá encarregar de o ir alterando...mas duvido.

"Resta perguntar o que foi que lhe aconteceu para que amar fosse um verbo tão carregado de pavor...
Preferia abster-se, tanto quando possível, de todo e qualquer movimento mais afectivo, evitando fracassar e sofrer."

Este texto recebe ainda este título, porque é necessário retornar à base, à essência. O porque de um sentimento nascer, a sua velocidade, importância, sensações, o seu resultado na mudança da nossa vida e no nosso mundo. Se o porquê, e o sentir desse porquê ainda se mantiverem...então, para quê não admitir?
Porque eu, ainda estupidamente, ou melhor, parvamente, e apesar de tudo, ainda o tenho...seguro e certo como começou. Porque eu não tenho medo. Nem nunca tive, vencido as lutas pesadas contra demónios e fantasmas, meus e dos outros...

"Precisei de dois tiros, como se tivesse de matar dois eus..." E eu aqui estou, duas vezes, dois Diogos de tempos diferentes...mas por agora, as minhas características são as mesmas de outrora, até o tempo se encarregar de as mudar:
estou vivo, moro no mesmo sitio desde que nasci, mudei, mas estou igual, e estou como sempre no mesmo sitio...um dia isso mudará...mas por hoje, por agora, a curto e médio prazo: NÃO VOU A LADO NENHUM, e devo acrescentar que não quero.

Nem todos os seres humanos têm na vida, oportunidade de experimentar um sentimento diferentemente imenso com a mesma pessoa duas vezes. Será isto bom ou mau?
Eu vos digo...noutro dia. O que é ainda mais estranho, (refiro-me muitas vezes à minha estranheza), é querer sentir ainda mais uma ou duas ou muitas vezes com essa mesma...
Por hoje e por agora fico por aqui. Quero voltar ao meu monstro. Existem dois monstros: o que ama e o que não ama, e eu não me posso demorar no meio deles...Um deles acabará por triunfar, e nunca de forma infinita.

Penso que está tudo, tirando pormenores que me vão fazer sentir frustrado depois de publicar este texto.

Destino. Como já disse acredito nele de vez em quando...assim como acredito no chamado amor eterno, entre duas almas gémeas (ou próximo disso), às vezes. Verdade seja dita, é que ainda aqui estou. A mesma pessoa que vos magoou, a mesma pessoa que vos fez sentir bem como nunca antes. Continuo a mesma pessoa romanticamente sentida, com uma vontade enorme de dar o melhor, de alimentar sonhos e os ajudar a concretizar, ajudar nas lutas, ... , sou o mesmo que acendeu uma luz, o mesmo que fez sentir alguém como se fosse a última e única e vice versa...Sou eu, este deste lado...Sou o beijo natural de dois amantes, num calor que nos coloca numa espiral leve e saborosa, como se o mundo à nossa volta, importasse à mesma, mas muito pouco...

Sou eu, Diogo Garcia, ou só Diogo, ou só Garcia. O mesmo de sempre.
O que quero dizer mais?

Que tenho no coração a vontade e na mão uma pequena chave de uma caixa de Pandora cheia de pormenores, bons e maus.

O que quero dizer mais? Mais nada...
Aliás nunca tive tempo de lhe arranjar uma música, mas também não consegui passar das duas frases por isso apenas a imaginei algumas vezes na cabeça colocando-a agora em forma escrita:

My dear, come back,
And turn again my world to black.


Fecho o envelope da uma importante fase da minha vida, com comentários de todo desnecessários, e tento compreender, e não pensar muito nisso...mas penso, e ao fechar o envelope escreve na parte de trás, com uma letra pouco cuidada a seguinte frase:

"Relax, turn around and take my hand." (Stinkfist)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dezassete

(Ainda era eu uma criança de quinze meses quando um dos dias mais importantes de todos se abre na minha vida...a primeira vez que aprendi amar. O nascimento de um primeiro irmão para dividir o mundo.)

Este blogue esteve encerrado durante uns bons meses, penso que atingiu mesmo mais de um ano. E voltei a começar nele depois de um comentário de um amigo meu, que só o conheceu este ano. Disse-me que lê-lo era uma experiência fantástica e que sentia-se muito bem quando o lia. Claro está, que todos nos sentimos bem, quando algo que fazemos, seja lá o que for, tem uma repercussão muito positiva na vida dos outros. (Quando isto deixa de acontecer, cada um segue a sua vida...(?)) Na realidade porém, a mesma pessoa, apontou para uma metamorfose drástica que este blogue tem vindo a sofrer. As descrições\reflexões "especiais" deram lugar a desabafos...Eu também o sinto. E queria, de certo, voltar à Apologia do meu eu forma antiga. A realidade porém é que essa mudança para o meu passado, como escritor de alguma coisa ainda não é hoje. Este texto vai se estender grandemente, vai ser obeso, colossal...peço desculpa ao leitor, acostumado a textos compactos, mas é vida...que podemos nós fazer? (Muita coisa...mas também não vou entrar agora em espirais de evolução, não é momento nem o lugar.) E foi um dia complicado, o de vinte e três de Abril de dois mil e dez...Há dois anos que os meus Abris não correm lá muito bem.
Nunca me senti tão arrependido de ter numerado estes textos em vez de lhes dar um título...pois desta vez seria chamado de : Elogio à mediocridade das almas. Perfeito. Um ensaio sobre a estupidez, sobre a complexidade das pessoas serem más ou se tornarem más, só para magoar os outros, tendo porém a consciência anormal de estarem a magoar os outros e de não se sentirem bem por esse facto. Repito: perfeito.
Mas contemos então esse dito dia, do ponto de vista de o homem que vive na casa das letras...
Vinha-me a interrogar mais tarde, porque teria eu, nas músicas que ia ouvindo, algo que raramente dispenso quando me movimento seja para onde for, passado à frente uma música bela (e triste e bela) como o "Three libras" para ouvir logo de seguida uma música, na óptica do cantor, anti-Cristo? De facto, ando muito estranho. Ou talvez só um bocado. A verdade é que quando a ouço não penso em Jesus. Toda a musica em si me leva para outras situações e almas, que não a de Cristo. Talvez a única coisa que de lá retiro, é que supostamente Jesus morreu pelas nossas mentiras e pecados, mas repito outra vez: supostamente. Que vos posso eu dizer? Fome. Fome.
Mas o meu dia, pelo menos este que vos quero contar, começou por volta das 15h00 quando fui ter com esse amigo meu, o leitor magnetizado por este blogue. É uma pessoa fantástica que tenho vindo a descobrir aos poucos. Um desses homens doidos, que lá sabe amar, que faz parte das histórias mais tristes e sorridentes do género 'quando um homem ama uma mulher'. Drástico e comovedor. Honesto mas nem sempre bem terminado. Nunca gostei de histórias, por outros apelidados de 'novelas', que não acabem bem. E não se deixem enganar pelo meu inato romantismo...para mim acabar bem não é só quando os amantes (os praticantes do amor) ficam juntos...claro que não. Eu sei como este mundo funciona. Acaba bem se ficarem juntos, ou não se de facto for assim a vida. Porém são raros esses casos, por isso é muito raro sorrir ao ver duas pessoas separarem-se.
Por isso lá estávamos nós, no relvado do Marquês, onde é realizado a feira do livro, a fazer testes com a máquina fotográfica, tirando fotografias ao calhas, mas com o intuito de compreender se entrava sol (que não deveria entrar) na câmara, facto que iria estragar as fotografias.
Durante toda a santa tarde, que de santa só teve um momento para calar este Diogo anti-católico, estivemos recontar histórias...aliás eu apenas as ouvi...e uma vez por outra dava a minha opinião. De tantas pessoas para desabafarem comigo, escolheu-me logo uma com todo o tipo de problemas iguais aos meus. Poderei repetir perfeito? Sim, por um lado não estou sozinho...mas por outro, ... lá fui eu de encontro a tudo o que tenho tentado passar para trás das costas...e volta tudo outra vez...de forma intensa. Por amor de Deus, tenha eu paciência para olhar para o rio, sem pensar em ti. E lá estávamos nós, ao pé do rio, com as almas meio iluminadas, a tentar convencermos-nos que estávamos no bom caminho, e que amar uma mulher é a melhor coisa do mundo. (E é). Amar é lixo por vezes, ou melhor, amar, pode acabar em lixo. E estávamos ali sentados, por um lado a sentir o vento na cara que sabia tão bem, com uma vista bastante bonita...mas inalando um cheiro a rio sujo...Como é óbvio acendi um cigarro. É em momentos destes que dou graças por ter algo que me sacie, sem a capacidade de me amar ou irritar ou odiar. Descreveste duas lágrimas que caíram, no vosso melhor momento juntos...apogeu. Toda a minha garganta perdeu a voz nesse momento. Queria nesse momento, como me disseram um dia destes na brincadeira: desejar que chegasse 2012 o mais depressa possível. E pensei ainda eu, pobre homem, capaz de chorar sozinho, enterrando-se sozinho. Nisso tive sorte, se lhe podermos chamar sorte. Duvido que seja sorte...Azar.
Queria perceber algumas razões deste mundo estranho. E não falo de coisas que têm explicação e que eu não entendo...nada disso. Falo de coisas sem explicação, que mesmo as pobres almas que as inventam nada sabem sobre elas. Decerto conhecem do que falo. Custa não custa? Dói não dói? Depende de quem faz e depende de quem recebe. Seja la o que quiserem. Verdade é, e nisto está claro, como defensor máximo da felicidade o mais bem preenchida e aproveitada possível, dei todo o meu apoio. E não fiz de advogado do Diabo como faço comigo mesmo...não. Eu com os outros dou sempre o meu melhor, aplico sempre o meu melhor eu. Não estou a ser hipócrita para com ninguém, apenas sou hipócrita comigo mesmo. E sim, força nisso. Luta. O sabor da luta é sempre melhor que o de quem fica sentado à espera de um tipo de morte qualquer. Luta. Quem sou eu para dizer alguém que chegou a hora de parar? Ninguém. E direi alguém que talvez, e repito, talvez, tenha chegado a hora de parar, se da luta apenas advierem coisas muito más...porque até chegar esse momento, de conquistar ou reconquistar quem se ama, tudo vale a pena, e tudo tem significado.
Perguntam vocês, seres sentimentais, e se a pessoa não quiser ser lutada e\ou a pessoa não reparar em cada pormenor significativo? Ah pois...eis uma raiz do problema. (Os problemas regra geral têm mais do que uma raiz. Se não tudo era muito fácil). Aqui só depende da força e vontade de quem luta, e do quanto está disposto a sofrer em "vão". Cabe a cada um decidir. Volto a perguntar, quem sou eu para tal acção? Volto a ser ninguém. Por isso, foi assim, nestas tardes que me fazem voltar a pensar...e quando não, ali está ela, a chatear-me a juízo. Diogo, Diogo muda-te. Mas não te mudes já. A vida é bela? Sem dúvida....mas não me façam dizer isso agora.
Em cada frase que dizias via-me a mim, mas versão já sem fé, por isso continuo a dizer, quem me dera estar no teu lugar. Ainda lutas por algo. E por alguma razão, acredito na razão da tua luta, mas não te sei dizer porquê. O teu objectivo é magnifico e ainda estás numa luta com um final glorificante. Ainda temos tanto para aprender e sentir. Que se lixe a arrogância de amar, de fugir, de querer esquecer. Que se lixe quem pensamos ser, com medo de não o sermos realmente. Que se lixe fecharmos a porta à felicidade mesmo que dela venham sacrifícios. Que se lixe o mundo se não está preparado para nós. Tu sabes o que queres e por isso deves lutar.
"As melhores mulheres são as mais complicadas!", são pois meu querido amigo, como sabes falar. Cabe ao homem descomplicar até não poder mais. Foi uma tarde exaustiva.
E por estar como estou, que passo à frente o Three libras para ouvir o Eulogy. Fome. Saudade.
Sim eu sei, amigos que me amam e conhecem o mundo melhor que eu: o tempo cura tudo. Eu sei. Já passei por isso...algumas vezes. É preciso é lidar com um problema: e quando não queremos que o tempo cure? Pois...é a vida. E a vida magoa e acaricia. A vida é bela nesse encostar de cabeça na outra cabeça, de cabeça no peito, etc., e em outras coisas. E magoa noutras tantas. Sentimentos à parte...vou continuar o meu discurso sobre o dia vinte e três de Abril. Tive vontade de te abraçar. Dizer-te uma coisa que é verdade, e na altura não tive coragem de dizer. Uma das razões que nos leva desde logo a perceber que afastarmos-nos de alguém é a acção certa, é ao cometer esse acto, a própria despedida em si, sentir que não é coisa certa. Porque quando o é , sentimos que: agora sim, está tudo melhor, está tudo em paz, agora tudo parece bem. Isso já me aconteceu há alguns anos, e quando é assim, então o adeus, é um adeus produtivo e de facto verdadeiro...mas quando o que sentimos é algo do género: não!, isto assim não fica bem, então meus caros leitores...repensem bem nos actos, pois não estão a fazer o que está "certo", mesmo que pensem se é esse o caso. Portanto, caro amigo, sonha e faz, estás no caminho certo. E chega, vamos ao que não interessa.
Passamos numa igreja de Lisboa...não entrava numa igreja à muitos anos...e não rezo a Deus à muitas semanas...da última vez que o fiz, é como se tivesse sido em vão. Eu sei que é uma parvoíce, tenho essa noção, mas é como se precisasse de confiar nalguma coisa que não Deus por uns meses. Mas ali estava eu...Em nome do Pai, do Filho, Espírito Santo, ámen. Mas não rezei...respirei fundo, senti toda a força do local, tentando ignorar aspectos que teria todo o prazer de criticar, dado o meu anti-catolicismo, mas não...dei-me ao silêncio. Foi bom talvez. Não sei ao certo. O que sei é que foi um dia estranho. E que queria escrever imenso, como alternativa ao que de facto queria fazer. Foi o meu dia. Mais outro dia da minha vida.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dezasseis

Agora que acabei, apesar de temporariamente, com as monstruosidades, tenho uma fome de voltar para elas que é um acontecimento imenso. Verdade seja escrita, isto é o que acontece por vezes quando duas ou mais pessoas se separam, porém, neste caso tenho em meu total poder voltar lá quando quiser. Porque não volto então? Porque estou ciente da minha fragilidade. Neste momento tenho algumas ideias, suficientemente "geniais" para voltar à carga, mas sei que passados uns textos, tudo voltará ao mesmo. Tenho de continuar a esperar, até a ferida se fechar totalmente. Sim. Nem que fique apenas uma cicatriz ou uma marca da sua presença, que me relembre as histórias, mas algo que seja apenas uma imagem, e não imagens, e falas, e contactos e experiências vividas demasiado a sério...Caramba. Por isso, estou que nem um louco, talvez à velocidade de Mercúrio, à procura de mais deuses para me elucidar, e para dar na cabeça dos que amo e dos que não amo de todo. Aceitam-se ajudas. Mas tenho de escrever algo. Tenho de dar noticias e depressa. Mas por agora estou calmo, quase quente por dentro...Que alivio. Por enquanto estou bem. Agora venham os deuses para curar, no que lhes compete, o monstro.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Quinze

(a lembrar o Catorze ou Quatorze : um banco de jardim no centro de uma selva no ceio de uma cidade, um cartão assinado com a data para lembrança...um beijo. Um começo.)

Cinquenta minutos a falar comigo mesmo. Uma experiência quase extraordinária. De que serviu? Para alcançar almas. Para me alcançar a mim mesmo, ou no pior dos casos, distanciar-me. Espero que não. A realidade é que tento já não esperar nada, porque mesmo que algo apareça, então será uma surpresa. E eu não fujo ao ser humano convencional : adoro ser surpreendido. Acabei por ter uns minutos agradáveis...existem coisas fantásticas. Continuar a sonhar é uma delas...Desistir de um sonho, é outra. O monstro está adormecido...mas não por muito mais tempo.
Foi uma terça feira como outra qualquer, apenas mais iluminada. Mas longe da sua máxima iluminação.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Catorze ou Quatorze

"Uau! Visual novo!?", poderia ter respondido com um sorriso, mas a vontade estava próxima do nulo: Eu prefiro chamar-lhe preguiça, foi a minha resposta. Já alguns me viram, neste momento pareço tirado do elenco dos três mosqueteiros. E esta? Muito bem. Mais tarde nesse mesmo dia, alguém me adiciona no messenger...tudo bem...perguntei-lhe onde tinha arranjado o meu email, a resposta foi tudo menos normal e razoável. "Que idade tens?" Tenho vinte e dois, mas ainda espero fazer os vinte três, "Pareces mais velho!" (Mas que raio?[para não utilizar a expressão que me veio na altura, que além de ser americana é bem mais pesada]) "...e tens namorada?!". MAS QUE RAIO? Não pensei duas vezes antes de bloquear. Mas estamos em que planeta? Nalgum planeta nitidamente estúpido. Ou será parvo? Foi um dia de todo fora do normal. Como se não chegasse tive uma viagem de barco sonâmbula. Já me tinha bastado ler o meu amigo Descartes, deixando na cabeça a palpitar, para não mencionar outras partes do meu corpo, com a frase: "libertar-me de todos os arrependimentos e remorsos que costumam agitar as consciências desses espíritos fracos e hesitantes que se deixam levar a praticar, como boas, as coisas que em seguida consideram más.", para em seguida ler, da autora Cecelia Ahern ( Para sempre, talvez) a frase: "De qualquer forma, aquilo que quero dizer é que não pretendo ser uma daquelas pessoas que se esquecem facilmente, que são tão importantes durante algum tempo, tão especiais, tão influentes e tão amadas, e que, no entanto, depois são esquecidas, como se nada tivesse acontecido de importante!" Mas o dia hoje preparou-se para me amar? Sinto-me ironizado. Fechei o livro, entreguei-me ao silêncio e à música que ia ouvindo baixinho.

domingo, 11 de abril de 2010

Treze

Mais um fim de semana que passou seco, cinzento. Numa tentativa de o passar bem, encontrei poucos momentos iluminados, no entanto agarrei-me a eles o melhor que pude. E depois, como senão bastasse, fui revistar textos meus, na tentativa de conseguir ganhar um concurso literário...reencontrei textos que me fizeram estancar, em todo o meu corpo, menos nos olhos...algo se formou. Fechei os olhos e mudei de texto. Mas apareceu outro...e outro. Deviam ser uns quatro ou cinco...E outros poucos que reafirmavam o meu medo de estar errado. Depois de tanto céu, aqui estou no inferno, o inferno que todos "previam" não acontecer, mas parece que apareceu de facto. Afinal, está certo, para mal da minha pessoa. Não existe mal em temer-se estar-se errado...a menos que se esteja mesmo. Às vezes odeio-me. Por essas e por outras coisas. Mas tenho saudades da pessoa que era quando os escrevi, porque nessa altura não passava de medo, agora vivo-o. Nessa altura não passava de medo e eu era feliz, a descobrir aos poucos, ao deixar-me ir, a receber quem se deixava vir. Agora sobra um vazio. Agora sobra nada. Agora não sei que fazer, e esperar, apesar de dotado de paciência, enerva-me. Custa-me. E quero. Mas nada acontece. E quando o sonho dá lugar à mágoa então sabemos que estamos numa encruzilhada muito mas muito desagradável. Não o desejo a ninguém.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Doze

Nestes últimos dias corridos, pouco ou nada tenho feito de útil, quer para mim, quer para os que me rodeiam. Tentei dar alguns passos, de volta a algo, mas a verdade é que foram passos muito pequenos, quase despercebidos. Falta-me algo. E neste momento não me considero eu próprio, pelo menos na sua totalidade. A única vantagem em todo este "desleixo" quatidiano é ter começado a ler o Discurso do Método, de René Descartes. Estou por fim a aproximar-me de algo que deixei à muitos anos: uma via pelo interesse filosófico e do pensar. Já venerei em tempos leituras de pessoas conhecidas na História, pessoas que alguns gostam, outros nem sequer compreendem o seu contributo, dado muitas pessoas não darem valor à essência da frase: pensar a tempo inteiro. E venerei Sócrates, Descartes, Emanuel Kant, Freud. Mas acabando o secundário destanciei-me destes pesos pesados do livro do mundo. E agora, em plena faculdade, um professor, esteriotipado pela maioria dos alunos como "louco" coloca o desafio aos alunos de ler o Discurso do Método. Durante quinze minutos, que passaram como se fossem apenas alguns segundos, enquando viajava de barco, consegui sorrir de verdadeira satisfação. Li algumas coisas que para mim fizeram todo o sentido, neste preciso momento, e outras que fazem sentido em todos os momentos. Estou a pensar fazer um texto mais sério, com frases tiradas do próprio livro de Descartes, com as minhas reflexões, e colocá-lo nas narrativas desse dito monstro. Descobri que o monstro quando pensa dói tanto como quando sente, o que me faz chegar à triste conclusão que não devo ser frio, nem quente, sou talvez ameno, algo que me revolta ainda mais. Mas não tirarei conclusões precipitadas. De que me serve sofrer por antecedência? Vale de muito se de facto algo se vier a provar. Vale de muito nada: se for sofrer em vão.