segunda-feira, 8 de março de 2010

Nove

[Nove é o número favorito de alguém. Alguém esse que merecia receber nove peluches em nove anos. É por isso Nove o número escolhido para representar uma prenda.]

Hoje vim mais cedo do que o habitual para casa. A única diferença na minha habitual rotina, é que em vez de sair no Marquês de Pombal ou no Jardim Zoológico, para depois apanhar o autocarro para Benfica, saí do barco e subi a pé até ao Marquês de Pombal. Se as pessoas me vissem fora do contexto daquele dia, teriam pensado que chorei durante uns vinte e cinco minutes, de forma abundante...Mas não. Foi um dia de chuva, muita chuva, e eu como sempre não tinha chapéu de chuva. Porque subir a pé uma rua inteira à chuva quando podia ter apanhado transportes públicos? Porque me apeteceu. E soube-me mesmo bem. Andei vinte cinco à chuva...Algumas pessoas estavam chocadas com a minha estupidez, outras olhavam de lado...não as censuro. Nem todos podemos viver a vida da mesma maneira. Não considerei um acto irresponsável. Sabia que chegando a casa iria tomar um bom banho quente e vestir-me com roupa seca. Já tinha feito isto mais vezes na minha vida...mas nunca como hoje senti uma calma tão grande, e uma ausência de pressa em chegar ao Marquês de Pombal, onde apanharia o autocarro directo para casa. Eu chovia. Água escorria-me da cara como se chorasse e soasse. O meu cabelo estava pesado, e todo o meu corpo. Quando parava para atravessar a passadeira sentia um atrito enorme em voltar a andar, pelo peso extra desconhecido. Com poucas pessoas imagino-me a repetir esta experiência. O que me custa sentir, é o que todos sentimos...porque fugimos nós de algumas coisas e as evitamos, quando elas por muitas vezes não passam de água que cai do céu?

1 comentário:

Joana disse...

Também não sei porque é que as pessoas costumam censurar as outras que só fazem apenas o que elas gostariam de ter coragem para fazer.
No teu caso, andar à chuva, saboreá-la, aproveitá-la e sentir que estás vivo com todos os poros do teu corpo.
Adorei, não só a escrita, como o que está escrito. Adoro-te! *
«Porque me apeteceu. E soube-me mesmo bem»