segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cinquenta e dois

Sou um covarde, sou um hipócrita, como muitos pobres coitados que andam por aí. Estava a absorver, com uma sede pouca um pouco de nicotina, ao sol, encostado à parede de betão escura, que devido à sua cor e devido ao sol estava quente. E ali estava eu, numa paz armada, quando ouço gritos de euforia e vitória, que me chegavam das janelas dos prédios, das esplanadas dos cafés, do meu próprio edifício. Portugal tinha marcado o primeiro golo. E eu ouvi a alegria, mas olhei para a relva, e todo o mundo manteve-se igual. Estava tudo no mesmo lugar, na mesma situação. Que falta de transtorno, que falta de paciência. Apago o cigarro e volto para dentro.

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