sexta-feira, 9 de abril de 2010

Doze

Nestes últimos dias corridos, pouco ou nada tenho feito de útil, quer para mim, quer para os que me rodeiam. Tentei dar alguns passos, de volta a algo, mas a verdade é que foram passos muito pequenos, quase despercebidos. Falta-me algo. E neste momento não me considero eu próprio, pelo menos na sua totalidade. A única vantagem em todo este "desleixo" quatidiano é ter começado a ler o Discurso do Método, de René Descartes. Estou por fim a aproximar-me de algo que deixei à muitos anos: uma via pelo interesse filosófico e do pensar. Já venerei em tempos leituras de pessoas conhecidas na História, pessoas que alguns gostam, outros nem sequer compreendem o seu contributo, dado muitas pessoas não darem valor à essência da frase: pensar a tempo inteiro. E venerei Sócrates, Descartes, Emanuel Kant, Freud. Mas acabando o secundário destanciei-me destes pesos pesados do livro do mundo. E agora, em plena faculdade, um professor, esteriotipado pela maioria dos alunos como "louco" coloca o desafio aos alunos de ler o Discurso do Método. Durante quinze minutos, que passaram como se fossem apenas alguns segundos, enquando viajava de barco, consegui sorrir de verdadeira satisfação. Li algumas coisas que para mim fizeram todo o sentido, neste preciso momento, e outras que fazem sentido em todos os momentos. Estou a pensar fazer um texto mais sério, com frases tiradas do próprio livro de Descartes, com as minhas reflexões, e colocá-lo nas narrativas desse dito monstro. Descobri que o monstro quando pensa dói tanto como quando sente, o que me faz chegar à triste conclusão que não devo ser frio, nem quente, sou talvez ameno, algo que me revolta ainda mais. Mas não tirarei conclusões precipitadas. De que me serve sofrer por antecedência? Vale de muito se de facto algo se vier a provar. Vale de muito nada: se for sofrer em vão.

1 comentário:

Joana disse...

Claro como a água, um retrato mais de ti próprio do que propriamente de Descartes. Gostei e fico com curiosidade de ler o próximo. Gostei, e percebo bem ao que te referes quando dizes que não te consideras tu próprio.
«Vale de muito nada: se for sofrer em vão» Linda e bem verdade. *