sexta-feira, 30 de abril de 2010

Vinte

O meu dia começou frio. Apesar de me deitar cheio de calor e de dormir cheio de calor, acordo às sete da manhã cheio de frio. O frio é forte o suficiente para não acabar com o cobertor que cobre a cama diariamente. Penso que tive uma noite meio agitada pois dormi até mais tarde do que o devido, sem necessidade aparente. Passando á frente pormenores menos importante, chego ao Marquês de Pombal, e fico à espera do próximo autocarro para descer até ao Terreiro do Paço, onde se encontra o porto que me leva até ao Barreiro. Os autocarros que me levam até lá são o: 36, 44, 745. Os tempos de espera eram: 36-8minutos, 44-23mintuos e por fim 745-25minutos. Esperar? Não. Acção à Diogo: descobri uma desculpa para ir a pé até ao Terreiro do Paço. Durante esses vinte e cinco minutos respirei fundo, e senti, como sempre a minha Lisboa. Sempre ela própria, uma parte importante de mim. Causou-me algum tipo de transtorno porém, parecia ser o dia dos namorados. Disseram-me mais tarde, em tom de brincadeira(?): é Primavera e são as hormonas. Que seja.
Cheguei ao Barreiro. Mais uma vez a vontade de voltar para trás foi imensa. A verdade é que por vezes temos anjos amigos que nos aclaram as ideias. E por momentos, depois de me carregarem, sem querer, numa ferida, entrei num pequeno espaço negro...só queria estar longe dali, fora de qualquer responsabilidade, tal qual uma criança. E sejam louvados os anjos. Fiz algo que não fazia há muito tempo: lutar contra mim próprio. Esta luta na prática do mundo não alterou muito...odiei durante horas as palavras e os movimentos que fazem alterar o mundo, como são exemplo: creditar, debitar, factura-recibo, factura (quais são as diferenças???Ainda não quis aprender de uma vez por todas...), juros, activo, passivo, balanço, demonstração de resultados(...), e a pior de todas, aquele que me confunde em todas as vertentes: o IVA. Vão para o diabo, deixem-se carregar por ele...Por amor de Deus. Por isso, saí ligeiramente vencido, mas por minha culpa apenas. A pequena vitória foi ter voltado atrás e não para trás. Senti uma pequena satisfação. Confesso. Sabe bem fazermos algo que sabemos estar certo mas que nem sempre fazemos. Estou contente, devagar se vai ao longe não é? Ser perfeito? Não...Evoluir. Obrigado lufada de ar fresco.
Sai da faculdade às vinte uma. Eu e uma t-shirt e o meu "blazer" (nome dado ao meu querido casaco, pelos meus queridos e originais amigos). Eu e o frio. Naquela terra cinzenta. Só queria chegar a casa. E cheguei...passadas duas horas. Agradeço a companhia, que apesar de pouca, foi muito melhor que nada.
Ultimamente tenho-me entregado muito ao pensar de sensações, sem sequer as sentir. Mas quando as sinto: revolto-me. Enfraqueço-me. E fico demasiadamente pensativo.
Agora estou ligeiramente mais livre, mais vivo que morto, mais criador, mesmo que seja de algo que não traz nada ao mundo nem a mais ninguém, mas que pelo menos me traga a mim. Que mais posso eu pedir? Muita coisa, mas não por agora...

1 comentário:

Joana disse...

Sim, não por agora. Agora o melhor é um dia de cada vez, porque o tempo, embora nos irrite, cura tudo. E essa revolta que sentes, esse estado de cinza que nem tu sabes descrever, por vezes, vai passar :) . Ainda bem que continuas a aperfeiçoar-te, sempre!
Spiral out, keep going **